Antes de mais nada é fundamental o entendimento que a degustação é provar com atenção, buscar entender o que o vinho é em sua essência. Como já dizia o grande professor da universidade de Bordeaux, um dos papas da enologia, Emyle Peunaud: “degustar vinho é beber prestando atenção”. E ao cumprir algum ritual, certamente o provador que se torna degustador aproveita muito mais o melhor que o vinho pode lhe trazer, é como ouvir música correndo no parque ou estar dentro de um teatro para ouvir um concerto, as atenções são diferenciadas.
É notável que o vinho tem um conteúdo infinito, sem falar de todo arcabouço histórico e cultural, com suas diversas versões de características sensoriais, do mais seco ao mais doce, do mais jovem ao evoluído e do mais ácido ao mais chato (sem acidez) e que é impossível não existir no mínimo um único vinho que não agrade qualquer pessoa, basta a sua busca.
Como iniciar esse percurso?
O primeiro passo é buscar informação, como forma de orientação o vinho tem seu conteúdo uma carga de teoria, entender um pouco sobre uvas, quais as características sensoriais de cada uma delas e como o seu ciclo de amadurecimento marca suas informações sensoriais é importante, e como a geografia de cada região pode interferir nisso. Um local de clima predominantemente frio tem influência no amadurecimento dessas uvas e, assim, confere nuances diferentes se essa mesma uva for desenvolvida em clima mais caloroso. Uma leitura em algum livro especializado é fundamental. Desde já fica a indicação do livro “O gosto do vinho” de Emyle Peunaud e Jacques Blouin.
Como uma segunda dica para se tornar um bom degustador é buscar uma orientação de pessoas mais experientes, e porque não um curso de especialistas? O vinho é uma bebida cultural que o costume é passado de pessoa para pessoa, assim é preciso uma orientação.
A Associação Brasileira de Sommeliers é entidade vinculada a Association de la Sommelierie Internationale com quase 40 anos de atividade no Brasil, fomentando a cultura do vinho e formando profissionais, mesmo que não seja o seu interesse se tornar um profissional do vinho, ter boas referências é fundamental para compreender os parâmetros de qualidade do vinho.
Para ser um bom provador é necessário dedicação para o treino, qualquer pessoa pode aprender e compreender os vinhos, mas é preciso sistematizar as provas, para de uma forma didática entender os pontos a serem analisados.
A degustação de vinhos é distribuída basicamente em 3 análises que são realizadas separadamente, visual, olfativa e gustativa e depois consolidadas com uma avaliação geral delas, formando uma “imagem” do vinho, sugerindo seu tipo, idade, região, composição de uvas, envelhecimento, melhor aplicação a gastronomia e finalizando se realmente cumpre tudo o que sugere quando realmente descoberto o que se está a provar, sendo assim a atenção aos detalhes é o requisito fundamental para se tornar um bom degustador, o principal.
Observar atentamente os aspectos visuais, isoladamente, não te fazem sugerir ou compreender o vinho, é preciso o somatório de informações, principalmente olfativas e gustativas que ao se juntarem, completam-se e somente aí as respostas são apresentadas e o objetivo final que é a apreciação final do vinho é completada.
Finalizando, o caminho é longo pois nunca esgotar-se-á possibilidade de prova de um vinho desconhecido, com novo perfil, de uma região nova, com uma nova metodologia de produção, enfim, o que faz da enologia sedutora e dinâmica, porém acessível a qualquer pessoa que tenha gosto por aprender, ganhar o mundo e viajar pelas taças. Se querem o primeiro, passo eu digo, juntem-se a ABS-CE e venham desbravar esse maravilhoso mundo dos vinhos!
Renato Brasil
Vice Presidente ABS-CE
Leia: O que é sommelier?